Ciência? Três Nobel avisam que Trump pode provocar retrocesso de 20 anos

Três vencedores do Nobel norte-americanos alertaram hoje que as políticas implementadas pela administração de Donald Trump em relação à economia e ao apoio à investigação "podem provocar um retrocesso e uma transição de 20 anos".

WASHINGTON, DC - MAY 5: President Donald Trump signs executive orders in the Oval Office of the White House on May 5, 2025 in Washington, DC. The orders were primarily health care related, including banning gain of function research. (Photo by Annabelle G

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Lusa
02/06/2025 23:49 ‧ há 5 dias por Lusa

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O alerta foi deixado por Guido Imbens (Economia 2021), Douglas Diamond (Economia 2022) e Charles Rice (Medicina 2020) em conferência de imprensa em Valência, ao lado de Duncan Haldane (Física 2016).

 

Diamond considerou a falta de apoio governamental às universidades um "enorme problema", Imbens expressou a sua "deceção" com a forma como o sistema de ensino superior está a ser tratado e Rice afirmou que o ataque à "independência" de Harvard como um "ícone de investigação e bolsas de estudo" também afeta outros institutos nacionais de saúde.

Os três concordaram com a necessidade de a situação ser resolvida "o mais rapidamente possível".

Estes quatro especialistas, que integram o júri do Prémio Rei Jaume I pela primeira vez, concordaram com a necessidade de educar as crianças desde cedo sobre a importância da ciência, referindo que o declínio da confiança na ciência tem vindo a ocorrer há 20 anos.

Em relação à falta de apoio de Trump às universidades, Diamond salientou que os efeitos gerais na ciência e na investigação de tratar as universidades como algo que não deve ser apoiado pela administração pública são um "enorme problema", e o caso Harvard "é uma manifestação clara desse problema".

Na sua opinião, em relação a Harvard não está a ser seguido "o princípio da legalidade e da revisão das políticas governamentais, conforme apropriado", acreditando que o poder judicial dos Estados Unidos "terá de garantir que o Estado de direito é respeitado".

Para Diamond, a redução do apoio do governo norte-americano à investigação e à ciência irá afetar particularmente a investigação básica, grande parte da qual será assumida por empresas privadas, "e é difícil de imaginar, porque esta investigação não é rentável num futuro próximo".

"Se o governo norte-americano fizer estes cortes, a investigação migrará para a Europa e para a Ásia, mas numa escala diferente, e o custo de suspender as experiências e a investigação e transferi-las para outros locais pode causar-nos 20 anos de atraso e transição", alertou.

Diamond acredita que a ciência é agora "muito menos respeitada", por não ser vista como a verdade, mas "como uma opinião sobre algo", enquanto Rice enfatizou a importância do debate sobre como restaurar a esperança na ciência.

Considerou que as redes sociais fazem com que as pessoas "se disponham a acreditar no que os seus pares dizem, ao contrário do que dizem os especialistas".

"A incapacidade do sistema educativo para chegar a todos e educar as pessoas sobre a importância da ciência desde cedo pode ser um fracasso total", vincou.

Imbens observou, por sua vez, que o declínio da confiança na ciência é um fenómeno recente nos Estados Unidos.

"As redes sociais desempenham o seu papel, mas as universidades não fizeram a sua parte. Precisam de fazer um trabalho muito melhor e explicar o que estão a fazer e porque é que isso é importante para a sociedade", apontou.

Já o virologista norte-americano Charles Rice, cuja investigação contribuiu para o desenvolvimento de duas vacinas contra os vírus da febre amarela e da hepatite C, manifestou a sua preocupação e profunda desilusão com o movimento antivacinas.

Leia Também: "Pronto". Trump disponível para encontro com Putin e Zelensky na Turquia

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