"Através de um olhar pessoal, alimentado por uma rigorosa exigência documental, Marcel Ophuls captou os momentos duradouros que a História e a política deixam na vida das pessoas. Exortou-nos a permanecer lúcidos, empenhados e profundamente ligados à democracia", escreveu o neto Andreas-Benjamin Seyfert, na nota de imprensa.
Marcel Ophuls, que registou em documentário alguns dos acontecimentos mais dramáticos do Ocidente, incluindo o Holocausto, nasceu em Frankfurt em 1927, mas a família exilou-se em França e depois nos Estados Unidos para escapar ao nazismo.
Já depois da Segunda Guerra Mundial, Marcel Ophuls regressaria a França, tendo começado a trabalhar como assistente de realização de outros cineastas, incluindo o pai, o realizador alemão Max Ophuls, e feito trabalhos para televisão.
'Le Chagrin et la pitié' (1969), um dos primeiros documentários de carreira, é considerado um dos mais importantes da filmografia de Marcel Ophuls e que "abalou a forma como os franceses viam a sua própria História" na Segunda Guerra Mundial, escreveu a AFP.
Com mais de quatro horas de duração, o filme abordou o colaboracionismo do país no conflito, "rompendo com o mito de uma França unanimemente resistente aos alemães". Chegou a ser recusado pela televisão francesa, mas acabou por se tornar um dos mais célebres entre o público.
'L'Empreinte de la Justice' (1976), sobre crimes de guerra e contra a Humanidade, a partir dos julgamentos de Nuremberga (1945-1946 após a rendição dos alemães), e 'Hotel Terminus' (1988), sobre o criminoso de guerra nazi Klaus Barbie, são duas outras obras de Marcel Ophuls.
O cineasta esteve nomeado para os Óscares com 'Le Chagrin et la pitié' (1969), mas venceria em 1989 o de Melhor Documentário com 'Hotel Terminus'.
Em 2010, todos estes filmes foram exibidos numa retrospetiva no festival DocLisboa.
Segundo a família, Marcel Ophuls estava atualmente a terminar um filme "sobre a ascensão da extrema-direita na Europa e nos Estados Unidos e o conflito israelo-palestiniano".
"Nele, analisava a ocupação dos territórios palestinianos e a possível relação entre esta situação e o ressurgimento do antissemitismo na Europa", escreveu a AFP.
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